A viola, esta viola morena que sempre esteve presente na vida de nosso povo, chegou ao Brasil, no período da colonização, trazida pelos jesuítas e imigrantes portugueses e, com a miscigenação de nossa música – e nossa gente –, principalmente com os negros e os índios, ela foi adquirindo suas próprias características, até se tornar a bonita, a encantatória VIOLA BRASILEIRA.Mas onde ela surgiu? Sua origem se perde na história. Roberto Nunes Correa, em seu livro VIOLA CAIPIRA, nos informa que “No século XV, e sobretudo no século XVI, a viola já era um instrumento largamente difundido em Portugal, sendo considerada como o principal instrumento dos jograis e cantares trovadorescos.”E esses jograis e cantadores devem ter sido tão bons que encantavam e enfeitiçavam seus ouvintes:“É extremamente curioso, uma reclamação dos procuradores da cidade Ponte de Lima, às cortes de Lisboa de 1459, enumerando os males que, por causa da viola, se faziam sentir em todo o reino. Eles alegavam que certas pessoas se serviam da viola para, tocando e cantando, mais facilmente roubarem as casas e dormirem com as suas mulheres, filhas ou criadas que, como ouvem tanger a viola, vamlhes desfechar as portas ”.No Brasil o preconceito – ou o medo de que os violeiros lhes roubassem as mulheres? – também foi grande. Por muito tempo ela foi ligada ao diabo, o cão, o tinhoso. Aliás, foi usada até como instrumento de acusação, como nos mostra esta deliciosa história narrada por Leonardo Arroyo em seu livro A CULTURA POPULAR EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS: “Nos últimos dois anos da gestão do Presidente Washington Luís começou este a manobrar a sucessão para seu amigo Júlio Prestes. Um anônimo de Itapetininga, terra da família Prestes, redigiu um volante, à máquina, distribuindo-o em São Paulo com data de l6/10/1928. Nele arrolava oito membros da família, com seus defeitos e vícios. O último da lista era Maneco Prestes, cujo maior defeito, entre outros dois, era este: tocador de viola.”

Nenhum comentário:
Postar um comentário